Seja no currículo ou durante a entrevista, headhunters contam o que chama a atenção e o que pode eliminar um candidato logo de cara nos processos seletivos de empresas
Recrutadores valorizam candidatos que chegam bem preparados para entrevistas e mantém uma postura transparente ao longo do processo seletivo
Profissionais alinhados ao mercado atual
Conquistar o emprego dos sonhos exige mais do que um bom currículo – é preciso saber se posicionar estrategicamente durante todo o processo seletivo. “Não se trata apenas de mostrar as competências técnicas”, observa Ivan Farber, headhunter da consultoria Egon Zehnder, especializada em avaliação de lideranças, desenvolvimento executivo e seleção de conselheiros e CEOs. “O mundo está mudando rápido, novas tecnologias surgem o tempo todo e precisamos de profissionais que saibam se posicionar diante dessas mudanças.”
Qual a impressão que vale na entrevista?
Na entrevista, detalhes como a forma de comunicação, a postura diante de desafios e até a maneira como o candidato fala sobre experiências anteriores podem influenciar – e muito – a decisão final. “A principal impressão é deixada durante a entrevista e é difícil reverter uma má experiência”, ressalta Lucas Oggiam, recrutador da consultoria Michael Page, voltada ao recrutamento de executivos de média e alta gerência.
O cuidado com o que se insere no currículo como Competências
Enquanto certos comportamentos ajudam o candidato a se destacar positivamente entre os candidatos, outros acendem um sinal de alerta imediato entre os recrutadores. Posturas transparentes, maduras e alinhadas à cultura da empresa são bem-vistas e contam pontos. Já a falta de preparo, informações inconsistentes no currículo ou autopromoção excessiva podem levar à desclassificação ainda nas etapas iniciais. “Muitos querem parecer interessantes, mas poucos se mostram interessados. Esse é o tipo de atitude que faz toda a diferença”, afirma a headhunter Ângela Pegas, também da Egon Zehnder.
Para entender o que realmente chama a atenção de quem está do outro lado da mesa, a Forbes ouviu seis headhunters especializados em recrutamento executivo. Eles revelam quais são as green flags – ou os sinais positivos que indicam bom potencial – e as red flags – os alertas vermelhos que podem custar a vaga dos sonhos.
A seguir, confira algumas dicas práticas dos headhunters para garantir que as green flags sejam notadas durante os processos seletivos:
1. Como manter uma comunicação clara e objetiva?
Saber comunicar com clareza o que fez, como fez e qual foi o impacto gerado é uma das habilidades mais valorizadas em entrevistas, segundo os headhunters. Candidatos que evitam rodeios e conseguem detalhar suas ações de forma direta e estruturada ganham pontos.
2. Como demonstrar autoconhecimento?
Ter consciência de seus pontos fortes e fracos é um diferencial competitivo. Na pesquisa, relevar que os profissionais que demonstram entender bem suas fortalezas e áreas de desenvolvimento, e que estão dispostos a trabalhar nelas para crescer, chamam a atenção.
“Quem reconhece erros, aprende com eles e consegue articular essa evolução mostra maturidade e potencial de desenvolvimento”, complementa Ivan Farber, da Egon Zehnder.
3. Como apresentar um histórico profissional consistente?
Um currículo com passagens duradouras e experiências em empresas de alta exigência é um forte indicativo do potencial do candidato, segundo os headhunters.
Mas o mais valorizado nem sempre é o tempo de casa – Experiências em organizações exigentes, onde a pessoa conseguiu crescer e se destacar, mostram resiliência, capacidade de entrega e evolução profissional.
4. Como chegar bem preparado para a entrevista?
Uma boa preparação para a entrevista é um fator decisivo na avaliação dos recrutadores. “Um candidato bem preparado, que fez sua pesquisa sobre a empresa e o processo seletivo, se destaca imediatamente”, afirma Nicolas Villarroel, da consultoria Korn Ferry,
Isso inclui entender o negócio, estudar a vaga e demonstrar familiaridade com a empresa durante a entrevista, o que ajuda o headhunter a avaliar seu alinhamento com a cultura e os valores da companhia para áreas como finanças, tecnologia, jurídico, marketing e cargos de alta gestão.
Evitando o cartão vermelho
Os headhunters também alertam para comportamentos que podem prejudicar o desempenho em uma entrevista, como adotar uma postura vitimista, defensiva ou agressiva; exagerar na autopromoção; ter dificuldade para apresentar sua trajetória de forma coerente; ou omitir informações sobre demissões e passagens profissionais.
Abaixo veja a lista que traz o alerta vermelho na avaliação dos recrutadores:
1. Inconsistências ou informações falsas
Poucas coisas comprometem tão rapidamente a credibilidade de um candidato quanto inconsistências ou informações falsas ao longo do processo seletivo.
Muitas vezes, nem é preciso mentir para gerar desconfiança. “Falta de clareza sobre movimentações de carreira e os motivos de saída das empresas também acendem sinais de alerta”, observa Pegas, da Egon Zehnder.
Temas delicados, como demissões, devem ser tratados com transparência para evitar interpretações equivocadas e manter a credibilidade.
2. Mudanças de emprego em curto espaço de tempo
Trocas constantes de emprego, mesmo que por iniciativa própria, ainda não são bem vistas pela maioria dos recrutadores. “Mudanças frequentes sem justificativa clara geram desconfiança”, afirma Sartori.
O ponto central é a falta de impacto. “Ninguém quer um currículo cheio de passagens rápidas sem profundidade. Demonstrar histórias de legado ao longo da carreira faz toda a diferença”, acrescenta Pegas.
Se o seu histórico profissional inclui passagens mais curtas, o importante é estar preparado para contar essa trajetória de forma clara e contextualizada aos recrutadores. “Sem uma explicação convincente, essas trocas podem ser uma perda de pontos na entrevista”, diz Oggiam, da Michael Page.
3. Autopromoção exagerada
Apesar de ser importante reconhecer os próprios feitos, se colocar como protagonista de todas as conquistas pode ser um tiro no pé em processos seletivos. “Quem não reconhece o trabalho em equipe demonstra falta de colaboração”, afirma Farber.
4. Falar mal de gestores ou empresas anteriores
Apresentar uma visão negativa de antigos gestores ou empresas pode soar como falta de maturidade. “Se os problemas sempre foram ‘os outros’, há um sinal de alerta”, diz o headhunter da Egon Zehnder.
A postura dos candidatos em relação às suas experiências anteriores faz diferença no momento da avaliação dos recrutadores. “Pessoas com energia negativa ou discurso vitimista tendem a passar uma má impressão”, afirma Oggiam.