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Lula demite ministra das Mulheres, Cida Gonçalves

Márcia Lopes, que será empossada já nesta segunda-feira (5), foi ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante mandatos petistas

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu, nesta segunda-feira (5), a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. No lugar dela, assumirá Márcia Lopes, ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante os primeiros mandatos do petista.

Sem explicações para a saída

A troca já esperada foi anunciada pelo Palácio do Planalto por meio de nota oficial. O comunicado não traz explicações sobre a saída de Cida. As mudanças devem ser publicadas ainda nesta segunda-feira, em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou e deu posse, na manhã desta segunda-feira, 5 de maio, à assistente social e professora Márcia Lopes para o cargo de ministra das Mulheres, até então ocupado por Cida Gonçalves”, diz a nota. 

Pelas redes sociais, Márcia agradeceu  pela nomeação e disse que assume o novo cargo com “humildade, coragem e o compromisso de toda uma trajetória dedicada à justiça social, à defesa dos direitos humanos e à construção de políticas públicas que transformam vidas”.

Cida foi comunicada de sua demissão na última sexta-feira (2), em uma reunião de aproximadamente 30 minutos com Lula no Planalto. No dia, a Presidência da República apenas afirmou que a agenda havia tratado de “assuntos da pasta”.

Ainda na sexta-feira, o presidente fez o convite a Márcia, por telefone. Antes mesmo de o governo federal confirmar a troca na pasta, Márcia Lopes anunciou à imprensa, durante o fim de semana, que seria a nova ministra.

Filiada ao PT, Cida Gonçalves sofria um processo de fritura há meses e sempre aparecia como uma das cotadas para serem substituídas na prometida reforma ministerial de Lula. Há seis meses, o presidente planeja uma mudança na composição da Esplanada dos Ministérios que, até o momento, é feita a conta-gotas.

Lula demonstrava insatisfação com o desempenho de Cida Gonçalves à frente da pasta. A avaliação no entorno do presidente era de que o ministério vinha sendo pouco ativo, sem grandes anúncios, ações de impacto ou participação popular, algo considerado essencial em uma área que deveria ter mais protagonismo nas pautas sociais do governo.

Denúncias

A ex-ministra das Mulheres foi alvo de denúncias por assédio moral e xenofobia. Contudo, a Comissão de Ética da Presidência arquivou um processo que a acusava de negociar a demissão de uma ex-secretária propondo verba para apoiá-la em candidatura e também uma acusação de racismo.

Um áudio divulgado pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, também gerou constrangimento no Planalto. Cida Gonçalves diz a interlocutores que interrompia suas agendas imediatamente para atender à primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja.

Segundo ela, os únicos no governo que recebem o mesmo tratamento são Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Na gravação, Cida afirma ainda que consegue “enrolar” os ministros Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (na época na Secretaria de Relações Institucionais).

Quem vai ocupar o lugar de Cida

Márcia Lopes, também filiada ao PT, é irmã de Gilberto Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula. Assistente social de formação, atuou como secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social no segundo mandato do ex-presidente. Em 2010, assumiu o comando da pasta, permanecendo no cargo até 2011, já no governo Dilma Rousseff. No ano seguinte, concorreu à prefeitura de Londrina e terminou a disputa em terceiro lugar.

Muitas mudanças na Esplanada

Outra possibilidade avaliada por interlocutores é a troca na Secretaria-Geral da Presidência, que atualmente tem Márcio Macêdo como chefe. A expectativa é de que a bancada do PSD na Câmara seja contemplada. Os deputados do partido estão insatisfeitos com o Ministério da Pesca, hoje com André de Paula, e querem uma pasta com Orçamento mais significativo.

Desde o começo do ano, Lula fez mudanças na “cozinha” do Palácio do Planalto e outras trocas forçadas em meio à escandâlos de corrupção. 

O marqueteiro Sidônio Palmeira assumiu o lugar do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) na na Secretaria de Comunicação Social (Secom). O parlamentar foi criticado publicamente pelo presidente em função do desempenho à frente da pasta.  

Em seguida, Lula demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde, substituindo-a por Alexandre Padilha (PT). No lugar dele, a então presidente do PT e deputada federal, Gleisi Hoffmann, foi nomeada como ministra responsável pela articulação com o Congresso Nacional. 

Outras mudanças recentes ocorreram na Esplanada devido a escândalos políticos. Em abril, Juscelino Filho deixou o Ministério das Comunicações após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusou de corrupção passiva por envolvimento em desvios de emendas parlamentares.

O comando da pasta foi assumido por Frederico Siqueira, então presidente da Telebras, indicado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil – AP). Já na sexta-feira (2), Carlos Lupi pediu demissão do Ministério da Previdência Social.

A saída ocorreu após uma operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) apontar um esquema de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz (PDT), assumiu o comando do ministério no mesmo dia.

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