Delegações da Russia e da Ucrânia poderão se reunir na Turquia para conversas de alto nível
O enviado da Presidência dos EUA, Steve Witkoff, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, bem como o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky estarão presentes.
Garantia de segurança
A Ucrânia, que sofreu uma invasão em larga escala em 2022 e viu a Rússia anexar a Crimeia em 2014, afirma que precisa de garantias de segurança das grandes potências — principalmente dos Estados Unidos.
O país quer mais do que o Memorando de Budapeste de 1994, no qual Rússia, EUA e Reino Unido concordaram em respeitar a soberania da Ucrânia e se abster do uso da força contra ela. Segundo esse acordo, os signatários prometeram apenas recorrer ao Conselho de Segurança da ONU caso a Ucrânia fosse atacada.
O problema, segundo fontes envolvidas nas discussões, é que uma garantia de segurança com força real poderia arrastar o ocidente para uma futura guerra com a Rússia — enquanto uma garantia sem força deixaria a Ucrânia vulnerável.
Segundo propostas preliminares de um possível acordo de paz vistas pela Reuters, diplomatas falaram sobre uma “garantia de segurança robusta”, que poderia incluir algo semelhante ao Artigo 5 do tratado da Otan. O Artigo 5 compromete os aliados a se defenderem mutuamente em caso de ataque — embora a Ucrânia não seja membro da aliança.
Como parte de um acordo fracassado em 2022, a Ucrânia teria aceitado uma neutralidade permanente em troca de garantias de segurança dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU — Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos — e de outros países, incluindo Belarus, Canadá, Alemanha, Israel, Polônia e Turquia, de acordo com um rascunho visto pela Reuters.
Mas autoridades em Kiev dizem que aceitar a neutralidade da Ucrânia é uma linha vermelha que não pretendem cruzar.
Ucrânia como membro da Otan
A Rússia tem afirmado repetidamente que a possível adesão da Ucrânia à Otan foi uma das causas da guerra. Moscou considera isso inaceitável e defende que a Ucrânia deve ser neutra — sem bases estrangeiras. Zelensky afirmou que não cabe a Moscou decidir as alianças da Ucrânia.
Na cúpula de Bucareste de 2008, os líderes da Otan concordaram que a Ucrânia e a Geórgia um dia se tornariam membros. Em 2019, a Ucrânia alterou sua constituição, comprometendo-se com o caminho de plena adesão à Otan e à União Europeia.
O enviado dos EUA, general Keith Kellogg, disse que a adesão da Ucrânia à Otan está “fora de questão”. O presidente Donald Trump afirmou que o apoio passado dos EUA à adesão da Ucrânia à aliança militar foi uma das causas da guerra.
Em 2022, Ucrânia e Rússia discutiram a neutralidade permanente.
A Rússia queria limitações nas forças armadas ucranianas, de acordo com uma cópia de um possível acordo revisado pela Reuters. A Ucrânia se opôs firmemente à ideia de restrições no tamanho e nas capacidades de suas forças armadas.
A Rússia afirmou que não tem objeções à busca da Ucrânia pela adesão à União Europeia, embora alguns membros do bloco possam se opor à candidatura de Kiev.